Há um tempo não muito distante, as estradas do Paraná encontravam-se em grande parte destruídas e danificadas, o que causava inúmeros acidentes e prejuízos aos motoristas, interferindo diretamente no deslocamento e autonomia da população. Ao assumir o Governo do Estado, na época, o então Governador questionou o caos que estava instalado e viu-se diante de um excelente caixa de verbas excedentes do DETRAN. Passou a utilizar então estes recursos para a melhoria e conservação das estradas estaduais. Grande ideia e iniciativa! O problema solucionado: ganhamos estradas trafegáveis e motoristas seguros! Com o passar dos anos, o Governo que o sucedeu, entrou para a chefia do Executivo sem esta visão de investimentos e alterou referida forma de gestão. As verbas do DETRAN que até então eram suficientes e excedentes para manter as estradas, passaram misteriosamente de abundantes a escassas. O novo gestor achava todo aquele montante “pouco”, e o dinheiro foi desaparecendo. Como se não bastasse isso, ainda alegava que tais taxas não eram reajustadas há muitos anos e passou a cobrar mais caro da população. O aumento foi expressivo, algumas taxas chegaram a 271%. Mas precisava realmente disso? Agora, mais uma vez, um “novo” gestor foi eleito e, há oito meses frente ao Governo do Estado, mantém exatamente a mesma forma de administração dessa gestão anterior que cobra mais e tudo falta. Sobram reclamações e os argumentos ambiciosos para privatizar estradas e beneficiar o bolso sabe-se lá de quem. Estamos falando das mesmas rodovias que não receberam a manutenção devida nos últimos anos, e que agora ocupam a mídia todos os dias, as redes sociais, os grupos de bate-papo no celular. Fotos, vídeos e mais vídeos, mostrando buracos e o mais completo abandono sobre a péssima situação de conservação das rodovias paranaenses. Se considerarmos a administração estadual como um grande queijo no qual as Secretarias e órgãos públicos representam seus pedaços, surge uma inexorável indagação: onde foi parar a fatia do queijo correspondente à próspera verba do DETRAN que deixou de ser utilizada para revitalização, conservação e manutenção das estradas paranaenses? Eis a questão…
Requião Filho é advogado e deputado estadual, em segundo mandato na Assembleia Legislativa do Paraná.
FOTO: ORLANDO KISSNER