Bate-papo com a galera da UP, acadêmicos de jornalismo na turma do Prof Luiz Witiuk.
O tema, o papel fiscalizador do legislativo na democracia brasileira.
A convite dos alunos do curso de Jornalismo da Universidade Positivo, o Deputado Estadual Requião Filho (MDB) participou esta semana de uma aula temática na instituição, onde falou sobre os trabalhos do Legislativo Estadual. O parlamentar expôs a responsabilidade da Assembleia Legislativa enquanto poder fiscalizador do Executivo, relembrou sonhos da época de faculdade, quando cursou direito em Brasília, os desafios de sua trajetória política, passando por aspectos históricos da democracia brasileira até o cenário atual.
"Aquela ética que a gente sonhava na faculdade, não existe na realidade. Saí achando que podia mudar o mundo. Mas não é bem assim, não depende só de nós. Podemos e devemos fazer a nossa parte. Mas a realidade da política, as relações e a ética, na prática, no dia-a-dia dos poderes, onde a interferência de interesses comanda, é bem diferente".
Requião Filho foi questionado sobre os problemas políticos na atualidade e a relação entre os poderes.
Dentro de um panorama geral da política atual, o deputado falou sobre a interferência e a responsabilidade da mídia, que manipula informações para causar uma comoção popular a respeito de um tema de interesse.
"O povo compra essa ideia. Como consequência, vota num salvador da pátria que não limpa e não resolve nenhum problema, e ainda comete os mesmos erros. A indignação do eleitor então se torna um ressentimento e ele, com o passar do tempo, abandona a política. As decisões acabam nas mãos dos caras que vivem disso. As pessoas estão perdendo a esperança, infelizmente. Vamos chegar num ponto onde a democracia estará tão abalada que ficaremos sujeitos ao fim da liberdade de expressão, de imprensa, da democracia, e possivelmente nos tornemos uma ditadura".
Requião Filho explicou que isso tudo faz parte de um ciclo, um processo natural histórico.
"E não é bom nunca. Escolha a corrente política que você quiser, mas ditadura só é bom para o ditador", completou. Questionado pelos estudantes sobre os bastidores de uma votação polêmica, como a aprovação da Reforma da Previdência, Requião Filho explicou como funciona a articulação de projetos difíceis como este.
"Passa pela troca de favores, infelizmente, e assim é em quase toda câmara legislativa do país. Ulysses Guimarães já dizia que 'político só tem medo de uma coisa; de povo na rua', e grande parte disso é motivado pela imprensa, paga por muitos desses segmentos políticos, indiretamente, para movimentar o debate em torno do resultado desejado. Afinal, se não vira notícia, não repercute na sociedade, não muda nada, ninguém se importa, nem fica sabendo. De um modo geral, nos últimos anos, os grandes veículos de mídia vivem uma guerra de narrativas, e no legislativo uma guerra de favores".
A polarização e a globalização da informação
Sobre os desafios da mídia na atualidade, Requião Filho falou sobre o fim do jornal impresso, da falta de anúncios que agora está apenas segmentada para blogs e digital influencers, mas o quanto isso pode ser perigoso pela polarização das opiniões e da informação.
"A internet não nos dá o contraponto. Fala só o que a gente quer ouvir. Radicaliza nossas posições cada vez mais. Se você fizer uma pesquisa no Google, por exemplo, de que odeia algo ou alguém, ela vai te mostrar somente notícias sobre aquele ponto de vista. Do contrário a mesma coisa. De forma que, quando estamos num grupo fechado, vendo somente a mesma opinião, a gente radicaliza nossas posições. Isso não é bom! A internet potencializa o teu ponto de vista. As pessoas procuram assuntos somente sobre a sua própria opinião e não questionam mais o que estão lendo, não buscam saber a fonte, não desenvolvem mais um posicionamento crítico, analisando todos os lados. Isso é algo que nossa sociedade ainda precisa evoluir e vocês, enquanto estudantes de jornalismo, podem vir a contribuir muito com isso".