Entrevistado pelo jornalista Roger Pereira, o Deputado Estadual Requião Filho (MDB) falou esta semana sobre os desafios desse segundo mandato na Assembleia Legislativa. Política, projetos propositivos e a fiscalização do poder público diante de tantas denúncias de corrupção que envolveram o Paraná nos últimos anos, estão na pauta da entrevista.
Requião Filho falou também sobre o MDB, o pedágio, e as reformas que o Estado precisa para retomar o crescimento. Confira na íntegra!
Assista:
Programa Política Total - TV Assembleia do Paraná (Junho / 2019)
Destaques da Entrevista
Orgulho de ser Requião
"É uma responsabilidade grande de manter esse nome limpo, assim como é hoje e deve continuar. Tenho em comum com meu pai o bom humor e a intolerância com o que está errado, queremos sempre fazer as coisas bem feitas. O que nos difere são algumas poucas posições políticas em alguns poucos aspectos, mas isso se deve ao fato de que tenho construído minha própria história, faço a minha política e isso tem ficado claro aos eleitores nesses dois primeiros mandatos".
Oposição
"É mais fácil ser oposição, diante do último governo que tivemos, por exemplo. Um governo como o do Beto Richa, que metia os pés pelas mãos, envolvido em escândalos e denúncias de corrupção, desvios de recursos públicos. Eu até gostaria de ser "da situação", mas isso só poderia acontecer se fosse coerente com as minhas ideias, com as minhas bandeiras, com mais transparência, um governo parceiro da população, que invista na educação, saúde e segurança. Um governo pra quem precisa de governo! Mas infelizmente não tem se colocado assim, pois estão apenas preocupados com os lucros dos acionistas das nossas estatais e não com o lucro social. As tratam como empresas privadas. Então fica difícil ser situação de um governo que pensa dessa forma, seria hipocrisia".
Mesa Diretora
"Foi uma forma de trazermos para a Assembleia uma Mesa Executiva mais plural para os debates, em nome da democracia".
Projetos e bandeiras
"O que me move é fazer o Estado do Paraná funcionar e fiscalizar o Governo. Porque hoje os deputados têm um leque muito pequeno ao qual podem legislar de verdade, por isso nosso principal papel é a fiscalização dos projetos e das ações do Executivo, o orçamento e a sua execução. Meu principal papel aqui é fiscalizar e cobrar transparência. Corrigir os rumos quando necessário, mas sempre com o foco de fazer o Paraná crescer".
Plano de Segurança de Barragens
"Não temos visto nada de concreto sendo feito em nível federal, por isso precisamos dar o exemplo e mostrar que é possível atualizar a nossa legislação com bons projetos. Por isso procurei os engenheiros de Itaipu e formei um grupo técnico para fazermos esse Plano de Segurança, para trazermos resultados de verdade e servirmos de exemplo para o Brasil".
Agência reguladora e a falta de transparência
"A Agepar é uma casa de carimbos, com um quadro técnico de apenas uma pessoa técnica. Foi uma forma do governo passado de arranjar uma desculpa para não se responsabilizar pelas ações. É uma cortina de fumaça, é uma agência reguladora que nada regula, a não ser em favor dos acionistas. Veja o caso do Pedágio, dos aumentos nas tarifas da Sanepar, da Copel... Por que sou contra esses aumentos? O objetivo dessas empresas é (ou deveria ser) dar lucro social; No caso da Sanepar, o objetivo seria levar água para todos, nas comunidades mais longínquas, nas comunidades mais pobres, onde o investimento não irá se pagar em curto prazo, e sim, com o lucro social. Com saúde, com melhores condições de vida e com dignidade para as pessoas. O mesmo acontece com a Copel. Mas hoje essas empresas só estão preocupadas com o dinheiro e proteger os acionistas privados. Oras, se eles não estiverem contentes, que se retirem, que devolvam essas ações ao Estado, porque são empresas públicas, criadas para atender ao povo do Paraná. Hoje sequer eles divulgam seus gastos com salários, conforme prevê a legislação, não há transparência. Por que esse mistério? Quem esconde é porque está fazendo algo errado".
Pedágio
"O Paraná teve 42 ações contra o pedágio, na época do Governo Requião. O Beto Richa assume e suspende todas as essas ações com a desculpa de que faria um diálogo com as concessionárias para não criar um passivo ao Estado. Ruim para o Paraná foram os 8 bilhões de propina que o pedágio devolveu, segundo denúncias investigadas pelo Ministério Público. Enquanto isso, continuamos a pagar pelas tarifas cinco vezes mais caras do que deveria. O pedágio é caro, corrompido e gera um custo que se reflete na falta de crescimento do Estado. Muitas empresas que viriam para o Paraná deixaram de fazê-lo em função dessa despesa de logística, somada às altas tarifas de água e energia que sobem acima da inflação e de maneira desordenada, somente para gerar mais lucro aos acionistas e pagar o custo da corrupção. Tivemos também a implantação da Substituição Tributária que afetou a retomada da criação de empregos. Então, esse é o nosso maior problema, por isso trabalho tanto em cima disso.
Eleições 2018
"Nas últimas eleições tivemos uma onda bolsonarista, que elegeu uma série de deputados novos, alguns com discurso muito bom e uma prática muito ruim, e outros que se elegeram no susto, que ainda estão tentando entender o que fazem aqui na Assembleia ou lá no Congresso. No Senado, as acusações contra o Ex-Governador Beto Richa geraram uma onda pelo 'novo', mas quem se elegeu tá tão apagado que às vezes a gente esquece que o Paraná tem três senadores. Nada fizeram, nem tomaram partido em decisões relevantes. ´É o 'novo' se mostra velho, inexperiente ou ineficaz. Então não é o 'novo' pelo 'novo', mas o que devemos buscar é a boa política. São ciclos, como o que elegeu o Collor lá atrás, que foi desastroso. Depois começou tudo de novo. Veio o PT que elegeu a maior bancada também no Congresso na época. E agora novamente.
MDB do Paraná
"Eu gostaria muito, primeiramente, que o MDB nacional se reencontrasse, são muitos nomes dentro do partido sendo investigados, e que fica nessa história de que se tem governo, nós somos governo. E a população não aguenta mais. Virou um partido sem identidade, que aluga sua sigla. Triste, pois foi um partido que surgiu num momento da história do nosso país em defesa da democracia, dos direitos dos trabalhadores, em defesa de um Brasil que atende a quem precisa de governo. Hoje é um partido que possui diversas alas, é desorganizado, e aqui no Paraná nós limpamos a bancada. Muitos bons deputados, como foi o caso do Nereu Moura, não se elegeram (devido a essa onda do 'novo'), infelizmente, e hoje fazem falta aqui na Assembleia. E esses novos que entraram não suprem essa falta. E os que apoiavam o então governador Beto Richa, trocaram de partido e se reelegeram. Mas a que custo? Eles apoiaram um governador que hoje tem seu nome na lama. Por isso prefiro acreditar que dá sim pra mudar o MDB de dentro pra fora, se eu abandonar essa luta serei só mais um querendo uma eleição mais fácil. Eu acredito que a gente precisa defender os nossos ideais. E por enquanto o MDB do Paraná continua representando os meus. Enquanto esse MDB existir aqui no Paraná, da tarifa social da água, da construção de hospitais regionais, que luta contra o pedágio, eu permaneço no partido. Caso contrário, eu troco de partido".
Perspectiva de trabalhos na ALEP em 2019
"Falta discutir a transparência e a tal Reforma Administrativa. Nós avisamos que isso pararia o Estado e eles não nos ouviram. Insistiram, disseram que a Reforma vinha com estudos da Fundação Dom Cabral e já estão eles mesmos mandando pra cá um novo projeto às pressas, pra fazer voltar a valer o que estava em vigor antes da reforma, porque criou um vazio legal no Estado. Então eu acho que a Assembleia precisa puxar a orelha do Governador, dos seus Secretários, para se preocupem menos com Facebook ou com manchetes positivas, e foquem mais na realidade, com o que faz a diferença na vida da população paranaense".
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