As recentes denúncias feitas pelo delator e ex-diretor da Secretaria de Educação do governo Beto Richa, Maurício Fanini, apontam que o esquema de corrupção no Paraná era mais ardiloso do que podíamos imaginar. Mas muito além das manchetes que estão escancaradas nos telejornais e sites de hoje, vamos abrir espaço aqui para uma avaliação mais técnica, analisando este Governo, envolvido num lamaçal de corrupção, e lembrando o que já foi feito de bom durante o Governo do MDB que deu certo, que se preocupava com as pessoas e no bem estar geral de todos os cidadãos.
A prestação de contas do primeiro quadrimestre deste ano revelou que o Governo do Paraná não investiu em Saúde e Educação o mínimo exigido pela Constituição. Nesse período da gestão de Beto Richa, o Executivo deixou de aplicar o assombroso valor de R$ 159 milhões nas duas áreas. Entretanto, os números divulgados, apesar de causar profunda indignação, não nos surpreendem. Ao contrário, corroboram o descaso e irresponsabilidade com que o ex-governador Beto Richa tratou a Saúde e a Educação do Paraná em todo o seu mandato.
O dinheiro do orçamento do Estado vem dos impostos que o paranaense paga. Esses valores devem ser usados em serviços ao cidadão, em melhorias e benefícios para a comunidade. Existe uma lógica que dita como o dinheiro deve ser gasto. É obrigatório que 12% do orçamento seja investido em saúde, enquanto para a educação, o mínimo exigido é de 30%.
Neste ano, o governo Richa aplicou apenas 10,66% na área de saúde, e 29,86% na educação, ou seja, nos primeiros quatro meses do ano, R$ 144 milhões já foram deixados de investir na saúde, e outros R$ 15 milhões na educação.
A saúde do Paraná não parecia estar nas preocupações do governo Richa. Tanto que, ao invés de investir, retirou dinheiro da área. No dia 24 de maio deste ano, o Tribunal de Contas do Estado determinou que a Fomento do Paraná devolvesse R$ 570 mil ao Fundo Estadual da Saúde. Para o TCE, o governo Richa usou irregularmente recursos do Fundo para pagar anúncios publicitários em três jornais do interior. Além da devolução, o TCE ainda multou dois gestores responsáveis pela operação.
Na total contramão desse desrespeito, no governo Requião a saúde foi tratada com prioridade absoluta. O respeito aos paranaenses e a austeridade com a coisa pública não se limitaram aos investimentos obrigatórios. No governo Requião foram construídos 13 novos hospitais no Paraná, além de outros 31 terem sido reformados e ampliados.
Um dado que reflete tanto a diferença entre as duas gestões quanto o descaso da gestão Richa com a saúde do Paraná está no número de leitos hospitalares. Enquanto Requião entregou o governo com 21 mil leitos disponíveis, no governo Richa foram perdidos dois mil: o Paraná dispõe, hoje, de 19 mil leitos.
Educação
Na educação, o descalabro tucano não foi diferente. Desrespeito aos nossos professores, achatamento dos salários, o famigerado massacre do dia 29 de abril, sucessivas quedas de rendimento no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e o impensável: roubos na educação para financiar campanhas políticas do ex-governador e seus aliados.
Uma situação completamente inversa ao que ocorria no governo do MDB, quando o então governador Roberto Requião determinou sucessivos reajustes salariais aos professores e, ainda, a implantação de um novo plano de carreira, devolvendo a dignidade que anos de arrocho havia roubado dos nossos professores.
Nos dias de hoje, o Paraná vê, estarrecido, as denúncias de Maurício Fanini, homem de confiança de Beto Richa e escolhido a dedo pelo governador para assumir a direção da Secretaria de Educação do Paraná.
A Operação Quadro Negro já concluiu que mais de R$ 20 milhões foram roubados. Dinheiro que deveria ter sido usado na construção e reforma de escolas estaduais. Em vez disso, segundo as reveladoras declarações de Fanini, foi desviado e usado nas campanhas de Richa, além de bancar gastos pessoais como viagens e, pasmem, um apartamento para o filho mais velho do ex-governador, Marcello Richa, que hoje é candidato a deputado estadual.
Vale reforçar que a conduta criminosa de exigir propinas, segundo o próprio Fanini, começou em 2001, quando Beto Richa era vice prefeito de Curitiba. Naquela época, Fanini, que é amigo de Richa desde os tempos de faculdade, ocupava a diretoria de Pavimentação da capital paranaense.
De acordo com Fanini, em 2002, quando disputou o governo do Paraná e perdeu para Roberto Requião, Richa teve sua campanha abastecida com dinheiro de caixa 2, proveniente de propinas negociadas por ele próprio, Ezequias Moreira e Luiz Abi, o famoso primo distante.
No governo do Paraná, as negociatas atingiram proporções épicas. Personagens famosos da política paranaense se locupletaram do dinheiro público, enquanto a educação do nosso Estado sucumbia à ganância e ao projeto de poder do grupo de Richa.
Segundo Fanini, o caixa 2 tucano começou a ser formado em 2012, sempre com dinheiro desviado da área de educação, e teria servido para abastecer a campanha de reeleição de Luciano Ducci à prefeitura de Curitiba, em 2012, a campanha de reeleição de Richa, em 2014, e deveria ser mantido a fim de garantir três campanhas políticas de 2018: a do próprio Beto Richa para o Senado, a do irmão, Pepe, para deputado federal, e a do filho Marcello, para deputado estadual.
É de se supor, portanto, que os desvios na educação superem, largamente, os R$ 20 milhões já identificados.
A Operação Quadro Negro, junto com a Operação Publicano e outros escândalos, mostraram a verdadeira face do governo Beto Richa e o modelo tucano de governar. Um modelo em que o discurso não resiste à prática e que nem toda a dispendiosa propaganda foi capaz de esconder.
Uma gestão que foi capaz de lesar, criminosamente, duas das mais importantes áreas do Estado: a saúde e a educação. Que não percamos a capacidade de se indignar e que possamos, diante de absurdos como esses, cada vez mais, levantar nossa voz.
"O melhor está por vir", já dizia o ex-governador, com a condenação e de todos os envolvidos. Assim esperamos!