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Foto do escritorGabinete Requião Filho

Querem trocar de roupa antes de tomar banho


O título não é uma mera provocação, mas uma tentativa de síntese sobre o anúncio de uma possível troca de sigla do PMDB para MDB. O problema aqui não é o fato de trocar ou não de sigla, mas sim qual é a prioridade política de um partido com dois milhões de filiados tomar este tipo de atitude tão radical.

O cenário político está conturbado. Vivemos uma crise de representatividade institucional que certamente irá afetar as eleições de 2018, com um recorde trágico de abstenções, votos brancos e nulos. Neste momento, o que os partidos políticos precisam é concentrar esforços e propor projetos de desenvolvimento efetivo para os próximos anos no Brasil, com a retomada do crescimento e a geração de empregos e renda.

Este seria o caminho natural, lógico e quase óbvio a ser trilhado. Principalmente pelo PMDB, partido que discutiu e aprovou democraticamente seu programa partidário (Esperança e Mudança) em 1982 e, depois disso, sequer uma atualização foi feita a contento.

Debater um programa partidário requer pensar o Brasil, consultar a base partidária, definir os princípios da vida partidária, se somos desenvolvimentistas ou não. Este seria o gesto altivo que o PMDB deveria dar neste momento político. Esta seria a melhor resposta para um momento de crise institucional como este e não a troca de nome.

A iniciativa não é condenável, pelo contrário, é possível fazer uma consulta pública aos filiados e dirigentes sobre esta questão, não isoladamente como ocorreu. É preciso união, inclusive na hora da tomada de decisões, desde esta ideia esquizofrênica até a reforma política, sobre o funcionamento dos órgãos partidários e, principalmente, sobre o projeto de desenvolvimento do nosso país. E se quiserem passar algo a limpo, que seja consultando a base, organizando o partido em todos os municípios, que seja no debate democrático, aberto e transparente com todos os filiados. Não há no Brasil um militante do PMDB sequer que não queira contribuir com o debate interno, sobre os rumos do partido e do país. Todos querem e devem contribuir. Ou não somos um partido com a democracia presente até em nosso nome?

Por estes motivos acredito que priorizar o debate da sigla antes das questões internas do PMDB e principalmente do projeto de desenvolvimento nacional é “trocar de roupa antes de tomar banho”. Há mais o que se discutir, do que apenas trocar de roupa. De que adianta, se o conteúdo será o mesmo? Os descontentes que peçam para sair.

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